quinta-feira, 24 de julho de 2014

Relações bizarras, amores pungentes.


"Ele distribuía notas de cem francos aos músicos
na boate Pigalle no dia em que nos conhecemos.
Eles são prostitutos como eu, dizia."


Essas foram palavras de Jane Birkin sobre o dia em que em que conheceu monsieur Gainsbourg. Mas essa historia está longe do inicio, talvez na metade apenas...

Serge Gainsbourg foi um proeminente músico da década de 70. Um francês, que tinha em comum com os seus compatriotas o gosto pela arte e um certo ar-arrogante-adorável. Feio, muito feio para os padrões convencionais de beleza, mas que eram devidamente compensados pela sua auto-confiança e charme. Talvez por isso aquela figura exótica detinha consigo o sex-appel necessário para compensar e até superar tudo que lhe faltava se comparado a um Allan Dellon por exemplo. (O ápice de beleza masculina naquela época para os padrões Franceses).


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Essa peculiaridade física não lhe deteve, isso é um fato, afinal foi capaz de seduzir e conquistar as mais belas mulheres de sua época. Era um galanteador , e foi assim que teve em seus braços (e obviamente em sua cama também) a belíssima Brigitte Bardot. Casada, sim. Mas  nem de longe uma estrela comportada, suas aventuras amorosas já extrapolavam os buchichos de cochia quando conheceu Serge. Se apaixonaram, ou melhor, o conquistador se apaixonou, e viveram um tórrido romance que culminou com a criação da primeira canção de amor Serge. Je T'aime mon amour Plus.




Se assistiu o vídeo acima e conhece os personagens dessa incomum historia de amor deve ter percebido que não era Brigitte Bardot no vídeo e sim a imagem e a voz de Jane Birkin. Então, como ela foi parar ai?

O romance de Serge e Brigitte não passou despercebido por muito tempo, claro, eram estrelas, artistas famosos que estampavam as capas de poster's de filmes, revistas e programas de televisão e rádio. Por isso a música acima mencionada na voz de Brigitte não chegou sequer a ser publicada e comercializada.

Reza a lenda que os gemidos e suspiros na canção eram todos frutos de uma relação quente em pleno estúdio de gravação. E claro que o empresario e também esposo de Briggite não ficou nada contente com essa situação. Proibiu não apenas a comercialização da canção como exigiu o fim daquela aventura imediatamente.

Há quem diga que para Brigitte foi fácil, afinal seu esposo estava certo, era para ela apenas mais uma aventura. Mas não para Serge, o apaixonado músico entrou em depressão, sentia-se culpado e incapaz por não ter sido competente (segundo ele) o suficiente para fazer com que Brigitte se apaixonasse por ele. Pobre Serge, mal sabia que ninguém seria capaz disso, Brigitte era um furação, e nada seria capaz de sacia-la.



Durante esse período de depressão Serge recusava convites para estrelar filmes (sim, ele também estrelava filmes nessa época), mas se mantinha compondo. Não tão criativo quanto antes trocou suas composições originais por plágios, ou quase isso, afinal se fosse hoje, músicas como Initials B.B. (Uma referencia direta ao nome de Brigitte) não seria considerado plágio, talvez apenas um sampler. Essa música por exemplo foi criada tendo como inspiração direta a clássica Sinfonia do novo mundo de Dvorak.



Algum tempo se passou e Serge permanecia retido em seu apartamento, negando-se a trabalhar e causando dor de cabeça a seus agentes. Já as vésperas do inicio da gravação de Slogan (1962) um jantar foi marcado entre os que deveriam ser as duas principais estrelas da película, Serge, e Jane Birkin, uma jovem atriz inglesa de 22 anos.

Ela o impressionou de alguma forma ainda naquele primeiro encontro, pois a noite estendeu-se pela madrugada com ambos visitando bares e boates boêmios da clássica França dos anos 70. A noite terminou no Hotel Hilton, onde o recepcionista já acostumado com a frequência de Gainsbourg lhe perguntou... "O quarto de sempre, senhor?". Cá para nós, me pergunto o que uma mulher ciumenta dos dias de hoje faria após essa pergunta, certamente iria embora sem olhar para trás. Mas Jane, não... Subiu as escadas do luxuoso Hotel, se viu envolvida pelos braços de Serge que então... Dormiu.



Não aconteceu absolutamente nada de sexual aquele dia, Jane o deixou no quarto ao final da noite enquanto Serge ainda dormia e foi embora. Separaram-se talvez pela última vez durante os próximos 13 anos que se seguiram. O casal acumulou polemicas em uma época onde a moralidade ainda lutava para se manter entre os padrões mais  severos e conservadores. Basta olhar para as roupas com que Jane costumava ir as festas na companhia de Serge, eles eram o deleite dos fotógrafos e jornalistas sensacionalistas daquela época.



Movidos por tanto apreço ao escândalo Serge e Jane decidiram regravar em 1969 a orgasmática canção que havia sido vetada pelo esposo de Brigitte. A música que foi proibida em diversos países, alcançou facilmente o primeiro lugar nas paradas de sucesso dos lugares onde havia sido permitida e se tornou apenas mais uma, entre as tantas historias espetaculares desse casal que estremeceu os anos 70.

Jane e Serge foram casados e juntos gravaram filmes e canções. Separaram-se em 1980 deixando um legado artístico muito valioso além de uma historia de amor não-convencional das mais inspiradoras.

Ambos são pais da talentosíssima Charlotte Gainsbourg. A pequena Charlotte que recentemente foi a estrela do filme Nymphomaniac do não menos polêmico diretor Lars von Trier...




Realmente a historia da família Gainsbourg parece estar longe do fim... Que ótimo!


PS.: As cenas exibidas nesse post são partes do filme de 2010 "La vie heroic" que conta a historia de Serge Gainsbourg. Esse filme você poderá ver completo, aqui.

Enjoy ;)

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